domingo, 14 de setembro de 2014

O Pecado de Ser Fã - Até onde vai a sua obsessão?

“Entra em cena... faz seu número... faz meu gênero ser seu fã numero 1... ali no gargarejo, jogando beijo.” (Guilherme Arantes – Música: Fã Número 01)

Certo dicionário define a palavra “FÔ dessa maneira: “Pessoa que nutre grande admiração por alguém ou alguma coisa”. Eu, por exemplo, sou um grande fã de chás em geral. Eu posso viver sem cerveja e sem cachaça, mas, sem chá, eu não vivo. É uma delícia. Eu, por exemplo, sou grande fã da apresentadora Angélica. Eu a considero como a personificação da minha infância, pois assistia aos programas dela. Outra coisa que sou fã é de filmes de horror/terror/suspense. Simplesmente adoro aquela sensação de sentir um medo na espinha e sentir a tensão dos personagens. Bem, isso, para mim é ser fã. Mas até onde vai o meu limite? Eu, por exemplo, não tenho uma plantação de ervas para fazer uma variedade de chás, não tenho pastas com recortes de revistas e pôsteres da Angélica e vários objetos ligados a filmes de horror/terror/suspense. Eu me contento em ter apenas uma caixa de chá por quinzena, os discos da Angélica para escutar de vez em quando e alguns DVDs de filmes de horror/terror/suspense. E assim, levo a minha vida de ser, simplesmente, fã.


Mas algumas pessoas levam o fator “ser fã” a um nível exagerado. Gastam fortunas exorbitantes para ter um item exclusivo de seu filme ou quadrinho favorito na sua coleção, por um álbum raro de um artista/banda ou com a fantasia (cosplay) do seu personagem mais querido. Essas pessoas vivem o seu fanatismo. Isso é mal? Claro que não! Afinal, ser fã é um hobby que é, aparentemente, inofensivo. Por que o “aparentemente” na frase?

Bem, o que vou falar aqui, nessa matéria, é o aspecto negativo do fanatismo. Não se é anormal ver, ler ou ouvir relatos e notícias de que uma pessoa obcecada por uma determinada pessoa pública ou algum filme que seja muito popular ou de alguma música que tenha feito um ato de loucura, não é? Vou lhes dar dois exemplos: Quem não conhece a história de Mark Chapman, que assassinou seu artista favorito, no caso, o John Lennon? Chapman, que seria um grande fã de Lennon, cometeu o assassinato para se aproximar ainda mais do ídolo, segundo as “vozes” que ele escutava. Outro exemplo de fã exagerado foi o caso de um senhor que se matou por ser fã da Angélica e que queria se casar com ela. Isso foi nos anos 90. Um senhor, já idoso, saiu de um show da loura em São Paulo, foi para a casa, botou a música “Vou de táxi” para tocar e, coberto por pôsteres da apresentadora, deu um tiro na cabeça.

“Mas, Tio Donald, onde tu queres chegar?”

Como esses exemplos, gostaria de apresentá-los a realidade de ser fã de nossas amadas produções japonesas.  Vamos ser francos e honestos com nós mesmos, ser fã de QUALQUER coisa relacionada ao entretenimento japonês, seja animação ou live-action, é algo BEM complicado. Os “otakus” (termo pelo qual, muitos fãs brasileiros de animações japonesas gostam de serem tratados) são uma classe desunida. E isso acontece também com os toku-fãs. E os games maníacos então, nem se falam. Nas minhas andanças pela internet afora (e até mesmo longe da vida virtual), eu pude observar o comportamento de “fãs” nas três plataformas de entretenimento japonês que seduzem os brasileiros: Games, Animes e Tokusatsus. Vou mostrar para vocês alguns prós e contras de sermos fãs dessas amadas produções, como os fãs dessas plataformas são encarados pela sociedade e enfim, mostrar se vale ou não a pena continuarmos com tal comportamento. Depois de eu apresentar os prós e contras dos fãs dessas três plataformas de entretenimento japonês, vou lhes dizer qual é o MAIOR pecado de ser fã.

FÃS DE GAMES: QUAL MELHOR PLATAFORMA? QUAL A MELHOR EMPRESA? QUAL O MELHOR JOGO? QUAL O MELHOR PERSONAGEM?

Nintendo, SNK, Namco, Tikara, Capcom, Super Nintendo, Atari, Master System, Mega Drive, Neo Geo CD, Playstation, Nintendo Wii, Xbox 360, Street Fighter, The King of Fighters, Mortal Kombat, Injustice, Ken, Ryu, Akuma, Iori Yagami, Nakoruru, Kazuya Kazama, Mario Bros, Jin Kazama, Sonic, Mai Shiranui...

Enfim, é uma infinidade de coisas que faz com que gamers se “digladiem” (seja pela internet ou na vida real) para saber como encarar a melhor forma de entretenimento. Confesso que, das três plataformas (Games, Animes e Tokusatsus), eu acho que os gamers são os mais “comportados”.
No mundo, existem diversas consoles de games. Existe uma evolução muito grande dos consoles dos anos 80 até a atualidade. Vimos no Atari (o primeiro console a chegar ao território nacional nos anos 80 ainda) a gênesis de uma febre que iria dominar toda uma seqüência de gerações, devido a evolução constante dos consoles. Os jogos de Atari possuíam gráficos simples, muitas vezes monocromáticos, com jogabilidade repetitiva. Mesmo assim, foi uma febre sem tamanho. Muitas crianças ficavam hipnotizadas, tentando chegar à marca de 1 milhão de pontos no Pac-man (ou “Come-come”, como era popularmente chamado). Aí, no ano de 1990, chega ao Brasil o Nintendo 8 bits, o Master System e, em 1991, chega o Super Nintendo (ou SNES). Nesses consoles, vimos jogos mais incrementados, com mais opções de jogabilidade e com níveis de dificuldades mais sedutores. E ainda não podemos negar a imensa popularidade dos Arcades, que chegaram em 1991 (com a estréia do Street Fighter II e suas magias e combos mirabolantes). Com a chegada de 1992, tivemos novos jogos, como Mortal Kombat, Fatal Fury, World Heroes e Samurai Spirits, que estavam ajudando a diversificar as opções dos jogadores. Com isso, tivemos mais e mais consoles chegando em “terras brasilis”, como o Neo Geo CD e o Playstation. Já nos anos 2000 pra frente, vimos que os jogos ganharam uma melhora na qualidade gráfica que seduz os gamers de uma maneira incrível. E, por isso, tivemos uma grande variedade de consoles e MUITAS opções de jogos.

Aí, ficamos naquela: “Qual o melhor console? Qual o melhor jogo?”. Bem... tem uma coisa que eu vou repetir com constância nessa matéria: CADA UM TEM O SEU GOSTO! CADA UM SE DIVERTE DA SUA MANEIRA!

O que vemos nisso tudo? Bem... alguns fãs de games possuem uma certa dificuldade de aceitar as variedades e se prendem a um tipo só. Vou lhes dar alguns exemplos de comportamento entre os gamers (inclusive, com algumas que eu tive o prazer, ou desprazer, de testemunhar) que com certeza vocês vão identificar de alguma forma.

Primeiro: A Guerra de Consoles. Sim, meus queridos leitores! Existe uma guerra de consoles que acompanham desde os anos 80. Nos anos 80, a guerra era entra Atari e CCE. Depois entrou na guerra, o Dynavision. Os fãs dos seus respectivos consoles gostavam de apontar SÓ as falhas dos consoles “adversários”, só para mostrar um certo ar de superioridade diante de seus colegas. E essa guerra continuou nos anos 90, com a chegada dos consoles Master System, Mega Drive e Super Nintendo. As pessoas só viam as vantagens SÓ do seu console e viam só as desvantagens nos consoles dos outros. E essa  “guerra” continua até os dias de hoje, com os famosos ataques entre fãs de Playstation vs. Wii vs. Xbox. Sim! Vimos em muitas páginas, fóruns e comunidades nessa internet a fora, uns ataques desnecessários de fãs de determinados consoles para cima de fãs de outros consoles. Questionam-se a qualidade gráfica, o tempo de “loading”, os jogos lançados, enfim, num ataque sem eira e nem beira. A pergunta que não quer calar: pra quê? Qual a necessidade de atacar o objeto de admiração de outra pessoa?

Outro item que causa certo atrito desnecessário entre os fãs de games são os tipos de jogos. Tem gente que só curte jogos de lutas. Tem os que preferem os de esporte. E tem aqueles que curtem os de RPGs. Ah, como fui me esquecer dos fãs de jogos de adventures? Agora eu pergunto: um fã de World Heroes, por exemplo, não pode, por exemplo, curtir um Winning Eleven? Um fã de Silent Hill não pode jogar um Super Mario? Na cabeça dos mais fanáticos, sim! Poizé, povo meu, tem gente que é fã de Sonic e critica quem gosta de Street Fighter, por exemplo, e vice-versa. E ai daquele que for jogar outro tipo de jogo. Eu já testemunhei amizades serem desfeitas por culpa de que um amigo de outro largou os arcades de lutas para jogar Fifa e GTA, só porque a pessoa ficou sem um parceiro nas lutas. Insisto na pergunta: PRA QUÊ ISSO?

Ah, e as guerras entre fãs de empresas produtoras de jogos? O negócio é mais tenso ainda quando são fãs de um determinado tipo de jogo, como os de luta, por exemplo. Realmente, sempre existem pessoas com o propósito de desmerecer as concorrentes. Sonystas se digladiam sem ter pena e nem piedade dos Nintendistas. E como vou me esquecer dos fãs da SNK X Capcom? Existem muitas trocas de ofensas (algumas indo para o lado pessoal, PRINCIPALMENTE na internet) só porque determinada pessoa acha que, para o seu gosto, The King of Fighters é melhor que Street Fighter e vice-versa. Os mais afoitos praticamente querem obrigar as pessoas a aceitarem as jogabilidades dos jogos dessas empresas.

E tem mais exemplos de fanatismos entre gamers. Um dos que me irritam e já me estressei foram com fãs de UM jogo só. Vou lhes contar um incidente que me ocorreu alguns meses atrás comigo. Estava eu num fliperama doido para jogar um dos meus jogos favoritos numa máquina de multi-jogo: Samurai Spirits 3. Nesse fliperama, tem, no mínimo, 6 máquinas de The King of Fighters 2002 (especial cheio). Algumas, inclusive, vazias. Quando fui trocar de jogo para jogar Samurai Spirits 3, um rapaz que NUNCA vi na vida, me chama e diz: “Poxa vida! Por que não deixa a máquina só no TKOF para que todo mundo possa jogar?” Tive que pegar pesado com ele e falei: “Meu chapa! Tem 6 máquinas de TKOF no lugar e mais 4 de multi-jogos ocupadas com TKOF 2002. Agora, eu não posso jogar o MEU jogo só porque você não quer me ver jogando outro jogo?”. E  quando aparecem os fãs de um personagem só? Geralmente, quando alguém coloca um personagem diferente, começam as críticas. Eu tenho um amigo que foi bastante criticado só porque ele prefere jogar com Mature e Vice e não coloca o Iori. Por que meu amigo foi criticado? Segundo o cara  que tentou constrangê-lo, o “argumento válido” é de que “personagem feminino não pode bater num cara forte (eu ia usar o termo que ele usou, mas, como soou como baixo calão, troquei o termo por FORTE... XD). Na cabeça desse cara, mulher não pode entrar num jogo de luta. Pode isso?

FÃS DE ANIMAÇÃO: COMO SE CHAMAM? QUAL O MELHOR PERSONAGEM? QUAL O MELHOR TIPO?

Os fãs de animações japonesas também são um povo bem terrível (e difícil) de se lidar, pois são bem exigentes. Por causa do comportamento de alguns fanáticos, os fãs de animações japonesas acabam sendo estereotipados, muitas vezes de forma pejorativa. Para começar, eles possuem uma mania feia de imposição que muitas vezes acaba forçando uma imagem errada dos fãs. O fanatismo é tão grande que, em muitos casos, acabam até alterando algumas coisas do original para o seu proveito próprio. Vou lhes dar uns exemplos bacanas, meus caros colegas e leitores, para vocês entenderem. Como dito anteriormente, grande parte dos fãs brasileiros de animações japonesas adotaram o termo “otaku” como sua designação. Mas, vocês sabiam que o termo “Otaku” é uma palavra japonesa que é usada de forma pejorativa e muitas vezes ofensiva no Japão? Sim! Tenho certeza que a maioria dos que se dizem fãs de animações japonesas sabem disso. Mas, quando alguém que se diz fã de animações japonesas se diz que “não é Otaku”, ela, na verdade, está deixando claro que prefere não usar esse termo para si, pois sabe do REAL significado da mesma.  E isso vale para as “Otomes”, que, no Japão, quer dizer apenas “donzela”, mas, que, aqui no Brasil, foi ter o significado de “feminino de Otaku”, desvirtuando o real significado da mesma. Ou seja, os assim ditos “otakus” mais fanáticos acabam trocando o real significado das palavras japonesas para satisfazer uma necessidade pessoal.

Vocês repararam que eu não usei o termo “anime” para retratar as animações japonesas? Por que será? Foi feito de propósito para mostrar que alguns fãs de animação mais afoitos não sabem que, para os JAPONESES, o termo “anime” serve para QUALQUER tipo de animação. Ou seja, para os japoneses, animação como Pocahontas, Scooby Doo, Pato Donald, Manda-Chuva, Pica-Pau, Tom & Jerry, entre outros, TAMBÉM são “animes”, não só CDZ, Naruto, Sailor Moon e etc. O preconceito é tão grande que os fãs de animes não admitem que essas produções sejam chamadas de “animes”, querendo tratar animações como Mickey, Hercules, Chaves, Mulan, Bob Esponja e até mesmo Turma da Mônica como outro tipo de desenho, sendo que, essas animações são, antes de qualquer coisa, animes também. E o preconceito é tão grande que tem MUITO “otaku” que não aceita que outros fãs de animes japoneses curtam animes de outros países. Ou você SÓ gosta de animações japonesas ou não gosta. Para a mentalidade desses “otakus”, é inconcebível que se goste de diversos tipos de animação. Você já viu um “otaku” assim? Pois é, não estás sozinho no mundo! Já conheci muito “otaku” e “otome” assim. É MUITO normal isso.

Agora me digam uma coisa: QUANTAS vezes vocês já viram internet afora, principalmente no Facebook, “guerrinhas” desnecessárias entre fãs de animação modinha? Acho que vocês estão cansados de verem trocas de farpas virtuais, que são levados para o lado pessoal, de pessoas que duelam sobre suas animações favoritas, PRINCIPALMENTE no quesito “animações da moda”. Sejam francos... Coloque num grupo sobre animes uma enquete sobre qual o mais forte: Seya X Goku X Luffy X Naruto para ver se a Terceira Guerra Mundial não começa? Sim! Eu já testemunhei VÁRIAS enquetes com esses quatro personagens e sobre os seus animes de origens. As farpas eram tão violentas que atingiram até mesmo as mães de alguns membros, se é que captaram a mensagem. Teve uma enquete que respondi assim, só para calar os ânimos de alguns exaltados: “Nem Goku e nem Seya! A guerreira mais forte é a Sailor Moon, que, com o poder do seu amor, pode destruir UM Universo inteiro, segundo a própria autora do mangá”. Para a minha surpresa, muitas pessoas concordaram com esse meu argumento e ganhei o reconhecimento de outras pessoas. Depois das curtidas, eu falei o seguinte: “Isso é para vocês verem que todo anime tem o seu universo. Cada personagem no seu respectivo anime tem a sua história, sua percepção de vida e de poder. Brigas desnecessárias aqui na internet só fazem desvalorizar nossas amadas séries diante da sociedade que já possui certo preconceito com produções japonesas!”. Conseguem entender? Sem falar naqueles que criticam aqueles que curtem outros animes que não sejam os da moda e os populares. Sério, povo meu! Eu tenho um conhecido no meu Face que disse que eu não era fã de animes japoneses só porque não coloquei na minha lista de favoritos, animes considerados “tops”, como Saint Seiya e Dragon Ball Z, e coloquei animes desconhecidos e sem grandiosas cenas de lutas, como “Kamui no Ken” e “Gakkou no Kaidan”, que são meus animes favoritos.

Isso quando o anime tem outras sagas feitas com outros traços. Vamos pegar o exemplo do tão aclamado Cavaleiros do Zodíaco. Eu, particularmente, já desisti de acompanhar QUALQUER coisa relacionada a CDZ. Temos em CDZ, a animação clássica dos anos 80, a saga Lost Canvas e a fase Ômega. Gente do céu, fãs mais afoitos defendem suas sagas favoritas com unhas e dentes, como se fossem um filho saindo do seu ventre. Um fã da fase Clássica, por exemplo, se recusa a aceitar a evolução da série, principalmente nos traços, e atacam fãs da Saga Lost Canvas e Ômega. E o pior: eles até desincentivam as pessoas de assistirem essas sagas. Eu pergunto: para quê? Ômega e Lost Canvas não fazem parte do universo Saint Seiya? Era muito melhor os fãs de Saint Seiya se unirem e propagarem essa animação, que tem muitas qualidades no seu roteiro. Agora, ficam nessa guerrinha desnecessária de que “Ah, a fase Clássica é a melhor” ou “Os traços de Lost Canvas são mais bem feitos” ou “A história do Ômega é mais atraente e adulta” (lembrando, isso são só frases de exemplos para efeito de comparação, pois não conheço mais nada de CDZ, pois já deixei de assistir e acompanhar a série faz MUITO tempo, por causa dessa guerrinha de egos dos fãs dessa animação), isso desestimula as pessoas a correrem atrás. Como já falei, desisti de acompanhar Saint Seiya desde 1997, na finada Manchete (naquela época, já existia guerras de fãs sobre qual era a melhor fase: Guerra Galáctica, A Armadura de Sagitário, Cavaleiros de Prata, as 12 Casas, Asgard e Poseidon). Desde aquela época, não acompanho nada de Saint Seiya. E, com sinceridade, não me arrependo.

FÃS DE TOKUS: QUAL A MELHOR ÉPOCA? QUAL A MELHOR SÉRIE? EFEITOS ESPECIAIS ARTESANAIS VS CG? QUAIS OS MELHORES ATORES?

Agora, vamos falar do lado negativo de ser Toku-fã. Sim, do mesmo modo que os “otakus” e os “gamers”, é outra classe de fã MUITO desunida. O toku-fã de hoje NÃO sabe ser fã de tokus. Primeiro, os toku-fãs não aceitam o real significado da palavra “Tokusatsu” ("tokushu satsuei") que quer dizer “filmes e séries com efeitos especiais”. Ou seja, do mesmo que os “animes”, para os japoneses, QUALQUER filme e série de QUALQUER país que use e abuse de efeitos especiais é um tokusatsu. Eles esquecem que filmes como Thor, Fúria de Titãs, Harry Potter, Bússola de Ouro, Crônicas de Nárnia, entre outros, também são tokus (na visão dos japoneses, claro!). Para os brasileiros, tokusatsu é SÓ séries de super-heróis japonesas e jamais deve ser direcionada a qualquer produção, como os Power Rangers (que são constantemente massacrados juntamente com seus fãs pelos toku-fãs mais fervorosos de uma forma desnecessária, mesmo eles sabendo que, na visão dos JAPONESES, também são tokusatsus). E, em muitos casos, alguns toku-fãs brasileiros não consideram filmes como Godzilla, Azumi e Shogun Mayeda (filmes japoneses com efeitos especiais) justamente por não seguirem um padrão das séries dos quais estamos acostumados.

Outro erro que alguns toku-fãs cometem está no fato de JAMAIS aceitarem quem é fã de outra plataforma de entretenimento à parte dos tokus. Ou você gosta de tokus ou não gosta de mais nada. Se você se diz fã de tokus e disser que gosta de outra coisa além da sua preferência nos tokus, você é massacrado. Vou lhes contar outro incidente com a minha pessoa nuns grupos de Facebook alguns meses atrás. Eu tenho aqui, na minha coleção, um CD original do Kamen Rider Black. Esse CD custa mais de 70 dólares. Eu o anunciei nuns grupos para trocar por um dos CDs da Angélica que eu não tenho na minha coleção particular (que, como falei, sou MUITO fã). Pra que fui fazer isso... O resultado? Fui xingado, humilhado, maltratado e sobrou até pros meus familiares. Sério! Confesso que eu revidei e dei uns foras em algumas pessoas (afinal, o CD é meu e eu faço o que eu quiser com ele). Mas, no auge do meu senso, eu preferi sair de TODOS os grupos de tokusatsus do meu Face. Afinal, não esperava uma reação massiva de pessoas que, no auge de suas arrogâncias, julgam o caráter e a sanidade de uma pessoa pelo seu gosto pessoal do que pelo que ela realmente faz.

Geralmente, o que se vê nessa toku-net é uma guerra desnecessária de fãs de tokus em geral vs. fãs de tokus SÓ da época Manchete. Eu confesso, sou fã de tokus como um todo e já me meti em MUITAS brigas entre alguns fãs das séries japonesas. Afinal, os tokusatsus já foram uma das maiores formas de entretenimento televisivo no Brasil, mas, atualmente, não tem mais o mesmo brilho. Meu objetivo na toku-net (e agora, no espaço concedido pelo blog e na revista Neo Tokyo sobre os tokus) é divulgar MAIS e MAIS séries, propagando para uma nova geração, séries que passaram no Brasil e séries que são inéditas para nós. E é por causa disso que briguei com muitas pessoas pela toku-net afora, pois elas se recusavam a divulgar o mundo toku como um todo. O gênero tokusatsu possui 60 anos de história. Ver pessoas presas a apenas 6 anos de tokus que passaram no Brasil, como verdades absolutas, realmente me irritavam. Afinal, ao invés de propagarem e alargarem seus conhecimentos sobre os seriados japoneses, as pessoas queriam que outras se restringissem a apenas séries que passaram aqui de 1987 até 1993. Hoje em dia, não me importo mais com isso. Às vezes, confesso, tenho alguns atritos, mas, jamais levo para o lado pessoal. Descobri que o meu objetivo como toku-fã, na toku-net, é propagar mais e mais séries. Eu assisto uma série, aprecio, vejo racionalmente seus pontos fortes, pontos fracos e exponho minhas opiniões PESSOAIS (sem o intuito de retaliar ou forçar os outros a aceitar minhas posições). Quem leu, que bom, agradeço a atenção dispensada! Quem não leu, não me importo! Quem concorda com minhas análises, que legal, ganhei um parceiro e a pessoa ganha mais uma oportunidade de ampliar seus conhecimentos sobre o mundo toku! Quem não concorda com a minha análise, que bom! Significa que ele viu determinada série por outro ponto de vista. Mas eu, particularmente, não estou disposto a me prender somente a 6 anos de mundo tokusatsu. Afinal, tem muita coisa que quero conhecer. Mas também, não vou forçar as pessoas a saírem do espaço de 6 anos. Eu simplesmente exponho a minha posição, minha opinião. Se a pessoa se interessou e leu, que legal! Significa que ela terá algum tempo para estudar a chance de conhecer uma nova série. Significa que ela terá a chance de, gradativamente, ampliar seus horizontes. Como vocês devem ter percebido, eu RARAMENTE falo de uma série que passou por aqui. Por quê? Porque eu acho que, tudo que já tinha que se falar sobre séries como Jaspion, Changeman, etc., já deu o que tinha que dar. É um assunto mais do que estagnado. O povo já conhece as séries de cabo a rabo e já conhecem até as falas de cór. Com MUITO toku bom por aí, para que falar num grupo de Facebook sobre a foto de um toku da fase áurea printado e repetir a fala da cena proposta ou os nomes dos personagens dali? Mas também, aprendi a não condenar quem faz isso. Aprendi nessas andanças da toku-net que não é forçar alguém a assistir Ryukendo, por exemplo, que vai fazê-la experimentar o prazer de ver algo novo. Eu apresento meus pontos de vista e permito que as pessoas resolvam experimentar por livre e espontânea vontade. Mas também, não permito que as pessoas me digam que eu devo me prender somente as séries que passaram aqui. Por isso, nos meus posts, eu escrevo sobre OUTROS personagens e OUTRAS séries que não foram exibidas aqui. Afinal, do que passou por aqui, já tem gente o suficiente para falar. Eu me lembro de uma vez que teve um cara que disse numa comunidade de Orkut em que eu era moderador, na época em que Ryukendo estava dando em média de 6 e 7 pontos na TV, que ele fez uma espécie de boicote, usando de “chantagem emocional infantil”, dizendo que “quem é toku-fã de verdade JAMAIS deveria assistir Ryukendo e QUALQUER série que não foi exibida aqui, para não deixar a infância morrer!”. Eu me pergunto: para quê? Quer dizer que eu vou deixar a minha infância morrer se eu assistir Ryukendo? Sou contra a Manchete por causa disso? Claro que não! Gosto e MUITO do que passou aqui. Mas, não quero me prender só a eles. Jamais! Esse tipo de fã, para mim, é da espécie mais perigosa. Ultimamente, eu tenho recusado algumas solicitações de amizades de pessoas no meu Facebook. Estou desdenhando? Não! Muito pelo contrário, eu estou sendo seletivo. Quero adicionar pessoas que possam me ajudar a ampliar meu conhecimento sobre o mundo tokusatsu. Não quero que outras pessoas entrem no meu Facebook e me “obriguem” a curtir fotos printadas de tokus da era Manchete e queiram que eu comente SÓ sobre essas séries, como já peguei gente querendo fazer isso comigo. Como falei, o mundo toku tem 60 anos, e não 6 anos.
Outra coisa que incomoda as pessoas por serem obcecadas por uma determinada série, ainda mais em se tratando de séries que foram exibidas aqui no Brasil. Confesso que, antigamente, fãs com essa mentalidade me irritavam profundamente. Hoje em dia, eu relevo e guardo para mim essa irritação. Mas, essa obsessão é algo que incomoda não só a mim, como a MUITA gente. Com MAIS de 100 tokus a nossa disposição, qual a necessidade de se prender a uma série só? Lógico que, todos têm uma série favorita. As minhas são, de acordo com suas respectivas franquias, Sailor Moon, Boukenger, Shaider e Kamen Rider Blade. Quem me conhece sabe que essas são as minhas grandes paixões. Mas eu, como vocês devem ter percebido, raramente falo algo a respeito delas. Acho que pouca gente que me conhece sabe que Shaider é meu metal hero favorito, pois RARAMENTE falo sobre ele. Por quê? Porque é algo pessoal. Não quero “forçar” ninguém a aceitar Shaider como seu metal hero favorito, principalmente pelo fato de ele ter um “rival” de preferência do povo, que foi o primogênito (no Brasil) Jaspion. Agora, a pessoa fica o tempo todo enchendo os grupos de Facebook com fotos de suas séries favoritas, comentando sobre sua série favorita, se o tópico é sobre outra série e a pessoa cisma em falar da sua série favorita, mesmo que o assunto não tenha nada a ver, isso irrita qualquer um. Não vejo, por exemplo, como vejo em muitos lugares, falarem que SÓ o Kamen Rider Black é Kamen Rider e buscam nos outros Riders, o “padrão Black” de se fazer Kamen Rider. Claro que isso é desnecessário, visto que cada Kamen Rider é único e possui a sua particularidade. Eu, particularmente, aprendi a guardar para mim. Mas, não nego que causa certo desconforto. Algumas pessoas não conseguem disfarçar mais o seu desconforto e sua irritação por causa dessa obsessão pela série única.

Há outro erro que os toku-fãs cometem com relação a seus atores e dubladores favoritos. Alguns não aceitam mais ficarem presos a esse tipo de trabalho. Por exemplo, tem gente que condena a atitude do ator e dublador Carlos Takeshi, só porque ele não gosta de falar do seu trabalho como dublador do Jaspion. Eu pergunto: ele foi anti-profissional por causa disso? Claro que não! Ele fez OUTROS trabalhos, como em novelas (A Viagem e Belíssima foram algumas novelas), comerciais e programas de TV. Ele, como qualquer profissional, gosta de ser lembrado não SÓ por um trabalho, mas, por VÁRIOS. Imagine um confeiteiro ser reconhecido SÓ pelo bolo de laranja que ele faz? Como ele pode divulgar seu trabalho como bom confeiteiro que faz bolos de chocolate se as pessoas só pedem para ele fazer bolo de laranja? Claro que, para o ego desse profissional, ser reconhecido como o melhor confeiteiro da cidade, que faz não só bolos de laranja, mas, como bolos de vários tipos, é edificante. Você ganha mais experiência. E com atores acontece a mesma coisa. Por mais que AQUELE personagem seja a marca registrada da carreira de determinado profissional das cênicas, se ele já fez outros trabalhos, ele gosta que falem a respeito desses outros. Outro incidente envolvendo atores, dessa vez, que deram vida aos nossos heróis: Tota Tarumi/Jin - Red Flash. Em 2010, bem no início, Tota montou um Facebook para divulgar o blog pessoal dele. Quando a notícia se espalhou e foi confirmado que aquele era o Tota real, MUITOS toku-fãs brasileiros (inclusive eu) correram para adicioná-lo. Quando eu o adicionei, vi o como nós, brasileiros, não sabemos ser fãs. Encheram a linha do tempo dele com perguntas sobre Flashman, sobre o resto do elenco, se tinha foto da Yoko Nakamura (Sara - Yellow Flash), sobre bastidores de uma série que ocorreu a mais de 22 anos. E ele só sendo seco. Aí, teve um dia em que ele postou uma foto dele com uma criança em momento de lazer e um fã brasileiro me solta essa pérola (em inglês): “Tota, aqui no Brasil, você é mais popular que Deus, pois você é o NOSSO herói!”. Cara! Pra que o cara foi postar isso! A resposta foi um coice muito bem dado. Tota foi seco e áspero e ainda generalizou TODOS os fãs, dizendo (em inglês): “Vocês do Brasil são chatos! Só sabem falar da mesma coisa! Não fiz só o Jin, fiz outros personagens também! Procurem me conhecer, pois sou muito mais que Jin!”. O coice foi muito bem merecido. Depois desse desabafo dele, as postagens dele foram diminuindo e os fãs até que se aquietaram. Mas esse coice dele, por mais que ele tivesse a razão, me fez perder o encanto que tinha pelo personagem. Afinal, ele generalizou. Ao dizer que “Vocês no Brasil são chatos!”, ele me chamou de chato também. Tudo por culpa de UMA pessoa. Ele só melhorou mesmo depois que um fã começou a fazer desenhos dele da época em que ele era Jin e aí voltou a ser simpático (e continua sendo até hoje). Fora isso, a imagem dele, pelo menos para mim, perdeu todo o encanto.

Enfim, concluo a matéria dizendo: sejam fãs! Com esses exemplos negativos que eu dei, no qual eu me incluo pelos erros que cometi nessa internet, vamos pelo menos tentar mudar nosso proceder. Vamos mudar nosso modo de agir. Vamos mudar o nosso jeito de “ser fã”. Vamos nos unir. Vamos mostrar que a família de fãs de produções japonesa é grande e, principalmente, unida. Vamos mostrar para essa geração atual que nós não somos alienados e que, sim, temos conhecimento de causa. Vamos mostrar que nós nos respeitamos. Enfim, vamos continuar sendo fãs de nossas séries e mostrar o que o Japão tem de melhor. Vamos evitar IMPOR nossos gostos para outras pessoas e vamos RESPEITAR os gostos de outras pessoas. Só assim teremos chances de mais e mais coisas do Japão, seja nos games, nos animes e nos tokusatsus, chegarem em nossas terras. Vamos mostrar que nós, brasileiros, sabemos ser, antes de qualquer coisa, fãs! XD

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