quarta-feira, 27 de agosto de 2014

França~Japão: Uma Parceria que deu certo!

Salut, mes amis! Ogenki desu ka?

Não, meus caros amigos e leitores. NÃO vou falar em francês com vocês e MUITO MENOS em japonês. Mas, queria escrever uma matéria que falasse sobre o estreito vínculo em aspectos culturais e comerciais entre os dois países.

Para começar, vamos lembrar bem de tempos remotos. Um pouco de aula de história não faz mal a ninguém, né? Bem, vamos lá. Nos meados dos séculos XVI, navios portugueses aportam nas ilhas japonesas e abriu os olhos dos japoneses de que existia um mundo maior e abriu os olhos dos europeus para uma nova terra. Por causa disso, começou uma andança de europeus no arquipélago nipônico. A atenção para o vestuário e alguns produtos da agricultura (como nabos, caquis e ameixas) levou os europeus a investirem demais na “Terra do Sol Nascente”. E um desses povos foi os franceses.


À medida que os anos foram avançando, houve uma tentativa desenfreada de europeus introduzirem a cultura européia no arquipélago e de converter os japoneses para a religião da Cristandade. Para proteger a “pureza” da tradição japonesa, o shogun foi obrigado a tomar uma atitude drástica: expulsar de terras nipônicas os estrangeiros que ameaçavam o  jeito de viver dos japoneses. No caso, foram expulsos de terras nipônicas espanhóis, portugueses, ingleses e italianos. Os únicos povos considerados dignos por não trazerem nenhuma ameaça ao jeito de ser japonês fora os holandeses e... os franceses, claro!

Depois da Restauração Meiji, depois da chegada dos “Navios Negros” do Capitão Perry, os japoneses foram “forçados” a abrirem seus portos para negociação com outros povos. Franceses se sentiram ameaçados, mas, não desistiram dos nipônicos. Franceses levaram para o Japão algumas coisas, como charretes e a fotografia (depois outros povos levaram outras coisas que ajudaram a “ocidentalizar” o Japão).

Já no início do século XX, estoura a Primeira Guerra. O Japão tem uma participação praticamente nula, tendo conflitos SÓ com a Rússia por posses de Ilhas ao Norte, como Kurilas e Sakalinas. Ou seja, nada que fosse relacionado a Guerra em si. Mas a França já teve uma participação mais ativa. Agora, as bases entre os dois países ficaram estremecidas na Segunda Guerra, quando ambos ficaram em lados opostos. França tomou partido dos EUA e Inglaterra, enquanto o Japão foi a favor da Alemanha e da Itália. Após as derrotas desses países pelos americanos, o Japão só podia negociar com a França SE os EUA autorizassem.

Mas com o pós-Guerra, Japão e França só voltaram a ter uma relação mais amistosa depois que a cantora egípcia naturalizada francesa Dalida começou a cantar músicas japonesas no estilo enka na França. Para quem não sabe, Dalida era considerada o “Silvio Santos” da França. Após a sua morte, a França ficou em luto e parada por 4 dias e monumentos. Enquanto isso, o Japão já começa a mexer seus pauzinhos para estreitar seus laços culturais com a França.

Em 1972, a artista Ryoko Ikeda lança o Mangá Berusaiyu no Bara, contando um período da história da França. O sucesso foi imediato e chegou na vista dos franceses. Logo surgiu uma animação que foi feita em parceira com estúdios dos dois países. Rosa de Versalhes foi um sucesso muito grande que influenciou a estética e a moda no Japão. A história ambientada na época da Revolução Francesa abriu a oportunidade da França se adentrar no universo da animação, música e seriados japoneses com a chegada dos anos 80.

Em 1981, vimos a chegada da adaptação japonesa para o romance FRANCÊS Os Três Mosqueteiros, com a animação Dartacão (dessa vez, produzida em parceria com um estúdio hispânico). Lógico que essa referência foi um sucesso NÃO só na França e no Japão, mas, na maioria dos países que falam língua espanhola, francesa, japonesa e até mesmo os de língua portuguesa (vide o nosso caso).

Já seduzida pela música e a animação japonesa, nos anos 80 ainda, os franceses descobriram mais uma nova paixão: os seriados tokusatsus. Com a estréia de Bioman nas TVs francesas, o fascínio dos mesmos por essas produções aumentaram. O sucesso foi tão grande que a França foi importando mais e mais sentais e séries de outras franquias. Mas nenhuma superava ainda o sucesso de Bioman. Sentais posteriores exibidos na França (Maskman e Liveman) foram chamados de Bioman 2 e Bioman 3 (numa jogada idêntica ao Jaspion e Spielvan aqui no Brasil, onde Spielvan foi chamado de Jaspion 2).

O sucesso dos tokus foi grande na França. A França se tornou o maior consumidor de tokus dos anos 80 e 90. Reconhecendo a importância do país e de seu consumo pelas suas produções, a Dona Toei resolveu homenagear o país em suas produções. Vimos diversas citações da França em suas séries, inclusive, com a participação da “Angélica francesa”, a apresentadora Doroteèh, que participou em Liveman e Jiraya. Além dessas duas séries, encontramos referências a França em Patrine, Winpector, Battlhe Fever J, Solbrain, Spielvan entre outros.

E os franceses não deixaram “barato”. Nos meados dos anos 2000 foi lançado um sentai francês homenageando os originais japoneses chamado de France Five. Nele, cinco jovens que representam cinco aspectos da cultura francesa lutam contra as forças do Império Lexus que querem dominar nosso planeta, mas, é impedida com a energia da Torre Eiffel que protege o nosso amado planetinha. Apesar da produção “pobre”, a série ganhou certo respeito entre os franceses. E, acreditem, os japoneses APROVARAM France Five.

Concluo essa matéria dizendo. Se enganou quem achou que o Brasil foi o maior consumidor de tokus dos anos 80 e 90. A França deu um banho de consumo inteligente e consciente e os tokus lá duraram anos. Praticamente duas décadas. E esse fato é reconhecido pelos próprios japoneses. Então, nos vemos em breve. Au revoir! Sayonara! XDD

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