quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Tokyo Magnitude 8.0 Trágico, humano e completamente emocionante

Poucas são as obras que tiveram o poder de me fazer emocionar como Tokyo Magnitude 8.0. E sabe qual é o motivo? Não é preciso ter grandes poderes, monstros, alienígenas, ou pancadaria para que uma obra seja considerada excelente e ensinar importantes valores. Existem muitas coisas simples que deixamos de lado e pela comodidade que temos hoje em dia tudo parece não ter muita importância, como o relacionamento em família e os amigos que sempre estão do nosso lado.


O tema do anime trata sobre terremotos (veremos que não é só isso). Os terremotos são difíceis de prever, mesmo com toda a tecnologia disponível de hoje em dia. Quando acontecem, em questão de segundos, deixam um rastro de destruição, derivando enorme prejuízo financeiro e vítimas humanas.

Por ano ocorrem cerca de 300 mil tremores em todo o planeta e muitos deles não são percebidos, sendo que esses fenômenos ocorrem em diferentes intensidades e intervalos de tempo. Por exemplo, na China, no ano de 1976, ocorreu um tremor com duração de 14 segundos, deixando a cidade de Tangshan totalmente destruída com mais de 200 mil pessoas mortas. Esse terremoto foi de 8,2 na escala Ritcher. Se fizermos uma breve busca na internet vamos encontrar muitos grandes desastres. E quantas vidas se foram, quantas possibilidades de construir algo bom. Mas estamos mesmo fadados a passar por momentos assim. Até aqui no Brasil já foram registrados pequenos tremores, nada comparados a outros que ocorreram em outras partes do mundo. A localização do Japão no nosso globo é totalmente relevante para que tipos assim de desastres naturais ocorram.
O anime foi escrito por Natsuko Takahashi e dirigido por Masaki Tachibana e foi ao ar de 09 de julho a 17 de setembro de 2009 pela TV Fuji. Dois detalhes: não sei se chega a ser macabro, mas menos de dois anos depois, em março de 2011 um forte terremoto de magnitude 8.9 arrasou a costa nordeste do Japão, sendo considerado o pior tremor já registrado na história do país e o sétimo de todos os tempos. As imagens da destruição mostravam carros e casas sendo arrastados como se fossem de brinquedo pelas ondas gigantes, causando pavor nos telespectadores.

O outro detalhe foi que na abertura de cada episódio, aparecem algumas frases dizendo que a série continha hipóteses sobre as possíveis conseqüências de um grande terremoto atingir Tóquio e que para aumentar a sensação de realidade, muitos testes foram realizados para a elaboração do anime, porém, se algo semelhante realmente acontecesse, os fatos poderiam ser bastante diferentes. Que coisa não? Mas o que mais impressiona é que apesar do tema inicial, o anime não fica somente focado em tragédias. A história é completamente dramática e os personagens são muito carismáticos.
Mirai Onozawa é uma adolescente, muito da mal humorada por sinal, que estuda em uma boa escola, tem excelentes colegas e uma ótima família. Pense em uma pessoa chata e rabugenta... Essa é Mirai. Seu irmão mais novo, Yukki, tem entre sete e oitos anos e estuda a terceira série e tem um fascínio enorme por robôs. É um garoto cheio de vida, sorridente, que vive fazendo amizades e aprecia tudo de bom que a vida lhe proporciona. Mirai não gosta do jeito bobo e inocente de Yukki, ficando sempre o repreendendo, além de brigar constantemente com seus pais. As férias escolares estão chegando e Yukki deseja ir até uma feira de robótica, que fica em Odaíba. Mirai não está confortável com isso e não deseja de maneira alguma ir para essa feira de nerds. Mas convencida por sua mãe, parte para lá junto com seu irmão.

Após um passeio no prédio do evento, Mirai deixa seu irmão sozinho e vai até a ponte e é aqui que a coisa começa a ficar diferente. Um violentíssimo terremoto sacode a cidade em questão de pouco tempo. Tudo que era belo e bonito se despedaça com enorme facilidade. As pontes balançam, o asfalto se abre, pessoas caem, há muito barulho e confusão. Desesperada e atordoada por essa situação Mirai busca Yukki pelos escombros do edifício recebendo auxílio de Mari, uma entregadora que deixou sua família ( mãe e filha)  em uma região duramente castigada por incêndios.Mari é fundamental na trama, pois consegue unir os dois irmãos agindo como uma verdadeira mãe, enquanto seu coração fica apertado pensando no destino da sua pequena filha. Com muito esforço, Yukki é encontrado e agora os três vão ter que lidar para passarem por duras provas até voltarem para suas casas. A primeira coisa que prometem uns aos outros é que jamais vão se separar. Essa regra é quebrada algumas vezes, levando a momentos muito tensos.
Não há sinal de telefone e tudo ao redor está destroçado. Algumas vezes, mais tremores acontecem, resultando em incêndios, acidentes e tsunamis. A poderosa Torre de Tóquio desaba, matando muita gente. A impressão que passa é de total desespero, enquanto as autoridades buscam ajudar a população da melhor forma, e os noticiários de TV informam os danos causados. O que me causou muito espanto, por assim dizer, foi à maneira como as autoridades deram um rápido socorro para aqueles que estavam desabrigados, fornecendo alimento, abrigo e remédios, além de contarem com máquinas específicas para retirarem escombros. Não sei se aqui no Brasil estaríamos preparados para enfrentar algo assim, visto que nossos hospitais não oferecem o menor conforto para os doentes. Existem muitas pessoas desaparecidas, além dos muitos corpos que não foram identificados. Muitas pessoas não tinham como achar seus entes queridos e mesmo para Mari, pensar que os seus pais estavam mortos lhe trazia um enorme desconforto. Yukki sempre dizia que queria muito voltar para casa, abraçar os pais, passear com toda a família. Mari não quer passar uma imagem triste para as crianças, mas está extremamente receosa quanto ao destino da sua mãe e filha. Mas sua calma e bom senso se tornam peças chaves para que as crianças não desistam.
Para superar essa dificuldade, Yukki e Mirai se aproximam mais e mais, estreitam seu relacionamento. Relutante e algumas vezes irritada pela atitude gentil e doce de Yukki, Mirai muitas vezes descarrega suas frustrações com palavras muito ásperas, o que é incompreensível para o garotinho. Mas ele não desiste de seu sonho. Ele ama robôs, gosta de pintar sapos e antes de saírem de casa havia feito um presentinho que seria dado à mãe como lembrança de aniversário...

Aos poucos vamos compreendo o motivo de Mirai ser tão fria...na verdade, ela queria um pouco mais de atenção e carinho de seus pais que sempre estavam correndo para trabalhar. Mas, por essas e outras razões, Yukki oferece conforto e sempre sorri para aliviar as aflições de sua irmã.
Mirai aos poucos evolui como pessoa, em meio ao caos que reina ao redor dela. E com tudo que ocorre ao redor, ela consegue controlar seus sentimentos mais profundos e começa a acreditar na volta para casa. Yukki também se sente pressionado sentimentalmente até que desaba em determinado momento em intensas lágrimas.
Existem pessoas que dizem que são necessárias grandes desgraças ou tragédias para que as pessoas possam se unir, inclusive a família. E foi esse ponto que mais me chamou a atenção em Tokyo Magnitude 8.0. O ser humano cresce em dificuldades, renasce.

Posso dizer apenas que o anime possui onze episódios e que do sétimo para frente fica humanamente impossível não chorar. Mas não falo derramar uma lágrima ou outra, é chorar mesmo. Acontece algo inesperado e tudo se torna incrivelmente intenso e tocante. Os diálogos se tornam mais profundos e cheios de emoção, lembranças vem à tona e aos poucos aquilo que era considerado trivial e sem importância, o relacionamento familiar, ganha uma dimensão imensa, se torna na verdade a coisa mais importante. Eu, por exemplo, não consegui não me envolver com a trama e com os personagens e a intensidade com que tudo se desenrola. Confesso que me emocionei, chorando de uma maneira que eu não imaginaria.
Resumindo tudo, esse anime é ótimo, possui um bom traço e cenários muito bem trabalhados. Envolvem sentimentos, os mais profundos que temos. Amor, amizade, carinho, confiança, ternura, esperança, amizade e drama. Tudo isso ligado ao que é o tema central, faz uma combinação forte e perfeita.
Eu recomendo que assista esse anime assim que a oportunidade lhe aparecer. Não hesite. E tente não chorar.

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