Há muitos motivos para vivermos. Temos muitas preocupações
no dia a dia, como o estudo, trabalho, família, contas, responsabilidades.
Todos nós queremos nos resolver financeiramente e pretendemos ter tranquilidade
nos dias que temos de vida.
Existe uma linha muito tênue entre a vida e a morte. Hoje
estamos aqui, mas não sabemos se amanhã acordaremos. Essa constante rotina cria
inúmeros desafios, um deles de não ver a vida na real perspectiva, mas sim como
uma monotonia, mais do mesmo. Embora saibamos de nossas tarefas, como podemos
usufruir melhor do tempo que temos?
É certo que todos nós um dia morreremos. Mas talvez a maior
agonia seja saber que vai morrer lentamente, sem chances de sair da cadeia
devorada que está a sua frente. A temática de Bokurano é essa. Melancólica,
fria, triste. Todos nós iremos cedo ou tarde, mas será de maneira única, é uma
barreira que ninguém poderá ter ajuda. Teremos que cruzá-la sozinhos.
Um grupo de quinze pessoas, sendo catorze adolescentes e uma
criança estão em uma excursão numa ilha, quando encontram uma caverna e decidem
explorá-la. Lá dentro encontram uma tecnologia misteriosa e de súbito aparece
um homem estranho de nome Kokopelli e os convida a participarem de um jogo que
será muito divertido. Para isso basta que eles ponham suas mãos num aparelho e
confirmem sua identidade. Como não acham isso ruim, todos concordam menos uma
pessoa. Pouco tempo depois, todos estavam dormindo e acordam no meio da praia,
se perguntando se aquilo havia sido real ou não.
O que não sabiam é que a partir dali suas vidas estariam em
risco e que esse jogo na verdade nada mais era do que um jogo em que todos os
participantes iriam morrer, cedo ou tarde. A essência constitui em controlar um
robô gigante, onde é feito um sorteio, e aquele premiado terá a liberdade de
usar seus talentos para isso. E é esse que vai morrer. Não tem como transferir
essa responsabilidade para outro.
Eles devem lutar contra outros robôs, que são controlados
talvez por alienígenas ou não. O certo é que esses combates causam pavor à
população e o governo, juntamente com o exercito, busca saber a origem dessa
loucura toda e como parar e principalmente em como ajudar os participantes.
Mas o que se vê a partir de então é um roteiro depressivo e
até mesmo cansativo. Como uma roleta russa, todos que estão ali SABEM que vão
morrer e também o telespectador entende a rotina que começa a ter em cada episódio.
O que pega é saber QUEM será o próximo. O que vai desenrolando é o fato de cada
personagem ter sua história contada, até seu último ato, suas tristezas, seus
desafios e como cada um encara a morte e principalmente, o que deixa para trás.
O robô é chamado de Z Earth e carrega consigo a energia
vital do piloto escolhido. Vejam, o que é estranho não é ver a morte, mas a
morte de um adolescente que fica totalmente imponente. A temática não é ruim,
longe disso. Mas como eu disse acima, o roteiro fica cansativo, não há
reviravoltas, os personagens não se desenvolvem, pois ficam presos nessa rotina
que o escolhido vai morrer e já era. Quando o personagem que vai morrer é
escolhido, a ênfase do episódio é toda nele, mas antes disso quase não há menção
a ele e nem depois. Que ele parteAchei que um dos maiores erros de Bokurano foi
justamente que a pessoa que morre fica totalmente esquecida pelos demais e que
quando estamos pelo menos nos acostumando ao personagem ele morre. Não tem como
se apegar a ninguém, o que me deixou bem frustrado.
Por exemplo, as lutas dos robôs são bem fracas, vazias e monótonas.
Todo o esforço das autoridades não chega a valer nos dando a entender que eles
não estão muito aí com o sacrifício e dor que os adolescentes estejam passando.
Talvez isso mostre bem a nossa realidade atual no mundo.
Algo que me agradou muito no anime foi sua trilha sonora, de
tom apocalítico e sério, interpretado por Chiaki Ishikawa. Retrata muito bem o
clima que está sendo vivido, todos os dramas, a solidão, o medo, a batalha.
Podemos classificar por fim Bakurano como um anime normal,
onde é preciso muita paciência e disposição para ver até o fim, pois o fator
monotonia é constante. Se você gostar de aventura, ação, tramas arramadas e bem
desenvolvidas, sugiro que não assista essa obra, não terá nada a acrescentar.
Mas faça o teste e veja por si mesmo.
Abraços!
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