A simples idéia do ser humano viver isolado numa ilha longe
de qualquer conforto ou comodidade que pode receber, já soa como perturbadora.
Inclua nesse pacote o fato de estar lutando por sua sobrevivência, num jogo de
vida ou morte, onde o perigo é real e pode vir de qualquer lado. Sim, você pode
morrer tanto por ataques de animais selvagens, doenças, fome, sede ou ainda
morrer numa explosão. Parece terrível, não é? Pois esse é o clima de Btooom.
Ryuta Sakamoto é um jovem de 22 anos, que não trabalha nem
gosta de estudar. O que ele realmente gosta de fazer é ficar preso dentro do
seu quarto jogando vídeo game a maior parte do dia. Sua mãe faz tudo que é possível
para abrir os olhos do filho, para que saia da frente da tela e vá arrumar um
emprego (se você se identificou com ele, siga os conselhos dos seus pais e vá
arranjar um emprego, namorada ou estudar), mas ele não a ouve. Sakamoto não é
do tipo do cara popular no mundo real, mas no virtual é dos melhores jogadores do
mundo de um jogo chamado Btooom, chegando até a se casar com uma jogadora do game
(virtualmente), um ponto importante e muito bem explorado posteriormente.
Um dia sem mais nem menos Ryuta acorda no meio de uma ilha,
não tendo a menor lembrança de como foi parar ali. Pensando se tratar de um
sonho ele se dá conta que possui uma espécie de vidro na mão, além de uma
pochete repleta de bombas, muito parecidas com dados. Atordoado ele sai dali
para explorar o lugar e dá de cara com outro homem que começa o atacar jogando
bombas e o perseguindo. Ainda sem compreender o que se passa, Ryuta começa a
perceber que o vidro na sua mão serve como um radar de localização de seu
adversário e que se usado corretamente, pode ser uma arma muito útil. E o mais
importante que isso: ele se dá conta que não é um sonho ou brincadeira, ele
está realmente numa versão humana de seu jogo favorito, um jogo que se tornou
de vida ou morte. Com muito custo, ele consegue se livrar do seu agressor e se
dá conta que aquela ilha não tem uma maneira de voltar a não ser ficar atento o
tempo todo e para completar ter que enfrentar os mais variados tipos de pessoas
que também está lá, de maneira até o momento não esclarecida.
A começar a andar e explorar a ilha, Ryuta se dá conta dos
perigos naturais dela, mas começa a passar fome, sede, cansaço, calor e ainda
mais os questionamentos: como e por qual motivo aquilo tudo está acontecendo
com ele? Agora ele terá que trazer para o mundo real tudo aquilo que praticava
no virtual, num imenso esforço físico e psicológico para se manter em pé e
ainda respirando. A morte flerta constantemente contra Ryuta. Com o passar do
tempo, mais personagens vão aparecendo e mostrando personalidades das mais
diversas, na maioria dos casos bem doentias, como por exemplo, a do jovem Kosuke
Kira de apenas catorze anos de idade. Ele também é um excelente jogador de
Btooom no mundo virtual, mas no mundo real sofria abusos de seu pai e muitos
maus tratos. Com tudo isso, Kosuke se torna uma pessoa sem sentimentos, não
distinguindo o certo do errado, não tendo apreço por vida humana ou animal. Ele
mata por puro prazer, não tem um pingo de arrependimento por isso. Antes de
estar na ilha, havia estuprado e matado duas garotas, mas foi posto em
liberdade por grande ajuda de seu advogado. A cena na qual o mostra cheio de
sangue e rindo descontroladamente após
cometer um assassinato é perturbadora. Seu visual lembra muito o de Mitchy de
Kamen Rider Gaim e até certo ponto sua personalidade perturbadora lembra a de
Asakura, o assassino Kamen Rider Ouja de Ryuki. Tenso!
Há uma garota na ilha, a bela Himiko. Antes de ir à ilha,
desenvolveu uma repulsa por homens, que nos é explicado em detalhes quando ela
se encontra com Ryuta, criando um interessante laço de confiança, que é
trabalhado aos poucos.
Creio que o fato de um aprisionamento natural, transforma a
pessoa. Uma luta pela sobrevivência expõe na realidade a verdadeira
personalidade. Desse jeito, vi
referencias em alguns realitys shows, daqueles que os integrantes estão
perdidos na selva e expostos aos mais diversos tipos de jogos e situações ridículas
e penosas e também do seriado Lost. Não há comida na ilha, de tempos em tempos
aviões passam e jogam suprimentos que são motivo de lutas intensas entre os
participantes do game. Eles são capazes de tudo para tirar vantagem de quem
quer que seja. Alianças são feitas, parcerias e supostas amizades, algumas
verdadeiras outras não. O que se vê é muita morte e um ritmo de acontecimentos
intensos, numa avalanche de emoções e situações de desespero. Agora num mundo
sem leis, sem regras ou justiça, a lei do mais forte tem que imperar, é um
lugar onde os fracos não têm vez.
Com o passar do tempo, começamos a ter respostas do motivo
pelo qual aquelas pessoas estão na ilha, qual é o propósito de tudo que está
ocorrendo. A intensidade do anime impressiona mesmo tendo apenas doze
episódios. Sugiro assistir com muita atenção para que não se perca nenhum
detalhe, pois reviravoltas são constantes e não se sabe ao certo até que ponto
uma ação está certa ou não. Muitos personagens usam máscaras, as quais não as
tiram mesmo quando são descobertos. Outros são mais sujos que as latrinas de
uma rodoviária. E o mais importante, busque não se apegar a nenhum deles, pode
ser que ele possa explodir logo.
O final é belo e dá a entender que teremos em breve uma nova
temporada, que será muito bem vinda e apreciada. Neste mundo de games e
ilusões, imagine se por um instante estar dentro de um jogo de vida ou morte,
onde não é permitido o erro. Pense no que é possível fazer para sobreviver e
não tenha dúvidas sobre suas decisões. Seu passado ficou para trás e sair de lá
é sua prioridade. Será que realmente os fins justificam os meios? E para você
que fica muito tempo na frente de um PC, ou vive no vídeo game: saia, viva, vá
namorar, arrume um emprego, estude. E ouça sua mãe. Vai por mim, mãe sempre vai
querer o seu melhor, mesmo que por agora, você não entenda, ou mesmo tenha que
apanhar um pouco do mundo lá fora para aprender o que ela quer te dizer.
Abraços!
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